Síndrome do Trauma Religioso

Este conceito surgiu com Marlene Winell, uma psicóloga dos Estados Unidos da América que estuda os efeitos da religiosidade nas pessoas, segundo ela a Síndrome do Trauma Religioso se trata de uma condição que pessoas que estão tentando sair de uma religião muito autoritária, dogmática e com uma doutrinação muito forte, acabam sofrendo. Ou seja, esses pessoas que sofrem desta condição participavam de um culto/religião/seita!

Quando falamos a respeito de Síndrome do Trauma Religioso – STR, precisamos falar sobre Transtorno de Estresse Pós Traumático, que é um transtorno desenvolvido a partir de uma experiência traumática, seja vivenciada ou observada, onde a pessoa apresenta pensamentos intrusivos, tenta evitar situações que a fazem lembrar deste trauma, mau humor, agressividade, falta de expectativa em relação ao futuro, dificuldade para dormir, crises de ansiedade e até mesmo pânico quando há um gatilho que a lembre desta vivência.

A pessoa que apresenta o STR, por consequência tem os sintomas de TEPT, como trauma advém de uma religião extremamente autoritária, onde tudo o que o líder manda deve ser feito, sem questionamentos, o que o líder diz ser verdade e mentira deve ser seguido cegamente, isso faz com que o seguidor desta se afaste de tudo e de todos que não se adéquem a essas regras, passe por cima de seus valores e limites, causando dificuldades de reintegrar a vida que tinha antes de fazer parte do culto.

Os sintomas relacionados à STR são baixa autoestima, ansiedade em fazer coisas consideradas “do mundo”, medo do que as pessoas que ainda estão dentro do culto irão pensar dela, medo de condenação divina, abuso de substâncias para lidar com a pressão e outros sintomas como relatados no parágrafo acima, perfeccionismo, dificuldade em lidar com a própria sexualidade, problemas de controle de impulsos, imagem corporal negativa, sentimento de culpa e de perda, ruptura com a família e amigos, dificuldade em fazer amizades fora do círculo do culto/religião!

Todos esses sintomas, tanto de TEPT e STR trazem muito prejuízo para a pessoa que tem essa condição, já que tudo o que faz ou quer fazer a lembra do que viveu dentro do culto, pois quando se está dentro de uma religião muito autoritária um dos objetivos que se tem é retirar essa pessoa do convívio social com pessoas de fora para a manter em controle, é como se tudo o que fosse relacionado ao exterior deste culto fosse algo ruim, sendo assim existe um conflito muito grande na psiqué de quem quer sair desse meio.

É como se não tivesse mais os traços de sua personalidade forte, pois o que acreditava ser real não é mais, o que acreditava ser errado não é algo tão ruim assim, isso me lembra uma cena do filme mais recente da Rapunzel, Enrolados, quando ela finalmente sai da torre, há momentos em que ela está eufórica pois está fazendo tudo o que um dia sonhou, mas no momento seguinte um sentimento de culpa a invade, seguido por falas de autodepreciação, por exemplo: “Eu sou uma péssima filha, eu deveria voltar!”.

Quem sofre desta síndrome sai de um extremo, onde tudo é proibido, por isso há risco de ir para um extremo oposto, onde pode haver dependência química e outros comportamentos de risco. São tantos problemas que podem ocorrer, mas o mais importante disso tudo é lembrar de que essas pessoas são vítimas de uma religiosidade fanática, muitas vezes entraram para a religião com boas intensões, as vezes nasceram dentro dela e pensar por si só é um grande feito!

O tratamento para STR geralmente se dá através de psicoterapia, onde vai começar a entender a respeito do que foi abuso e de como pode lidar com esses traumas, bem como iniciar um processo de autoconhecimento, fortalecimento da sua autoestima e pode aprender como colocar limites em situações que passem por cima de seus valores como pessoa. Se necessário, dependendo da gravidade dos sintomas pode ser necessário tratamento medicamentoso com psiquiatra. O mais importante de tudo é lembrar de que há tratamento e você pode viver uma vida mais leve, você pode encontrar pessoas e profissionais que irão te ajudar a seguir em frente!

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Joana Ester Gonçalves Lins

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