Filho Preferido: É um problema?

Esse é um tópico que leva muitas pessoas a procurarem a psicoterapia, tanto por parte dos filhos que não entendem o porque de seus pais darem mais atenção e afeto para seu irmão, tanto por parte dos pais que não entendem o porque de não conseguirem perceber quando apontam tal predileção ou até mesmo quando não conseguem saber o porque de se sentir repelido pelo filho.

Segundo um artigo da BBC o favoritismo por um dos filhos é bastante comum e afeta cerca de 65% das famílias, na maioria das vezes isso acontece de forma inconsciente e existem muitos motivos para que isso aconteça, o que vamos discutir mais a frente.

Quais são os motivos?

Os motivos para existir uma preferência dos pais sobre os filhos são muitos, que vão desde o gênero, ordem de nascimento e atributos físicos, vamos listar cada um deles:

1- Gênero: é comum de que as mães tenham preferência para os meninos e pais tenham preferências pelas filhas, isso pode acontecer por conta dos complexos de Édipo e Electra, o que pode acontecer também é de ter uma identificação pelos filhos de gênero correspondente, por poder fazer coisas juntos e ensinar a respeito de papeis de gênero.

2- Ordem de nascimento: Os filhos que nascem primeiro tendem a ser os preferidos pois podem ter o foco de atenção dos pais por mais tempo do que os outros irmãos, mas também pode haver a preferência pelos filhos mais novos, pois são menores e demandam mais atenção.

3- Aparência física: Os filhos que são considerados mais bonitos tendem a ter mais atenção tanto da família quanto de fora e tendem a ter mais sucesso em relações e trabalho.

4- Vulnerabilidade: O filho que apresenta uma vulnerabilidade maior, seja por síndromes, doenças físicas, transtornos mentais acaba recebendo mais atenção e afeto, pois os pais sentem de que se não houver esta atenção maior este filho pode decair muito e padecer.

5- Identificação: Muitos pais acabam preferindo os filhos que mais lembram de si mesmos, seja de forma física ou de forma psicológica, com valores e ideais, como forma de projeção de coisas que queriam para si e não tiveram oportunidade e este filho consegue.

6- Dedicação aos pais: Alguns pais apresentam uma preferência por filhos que perguntam mais e que largam tudo para cuidar dos pais, os filhos que se dedicam a própria família e aos seus interesses tendem a ser preteridos.

“Eu tenho um filho preferido”

Como dito acima, isso é algo muito comum e acontece na maioria das famílias, porém pode causar problemas de relacionamento e desenvolvimento psicológico dentro da família, isto tende a acontecer quando estes pais não percebem e não admitem essa situação.

Sempre que algum paciente me informa de que alguém da família falou que percebe um favoritismo a reação que se tem na sua maioria é negar, pois mesmo em uma cultura onde isso acontece com frequência isto é um tabu, é considerado errado, o que não ajuda em nada nesta situação.

É importante lembrar de que somos pessoas, e como pessoas temos nossas preferências, temos necessidades, mesmo que de forma inconsciente, sabendo disso é preciso entender quais os motivos para que prefira um ao outro e tentar agir sobre isso. Outro ponto importante a se considerar é de que a predileção não tem ligação com o amor, ou seja, não é porque você tem uma preferência que você ame mais ou menos algum de seus filhos!

Quando isso não é trabalhado ou ignorado, pode acarretar consequências no desenvolvimento das pessoas envolvidas, pois o filho preferido pode ter uma autoconfiança maior para enfrentar certos problemas, ou ter dificuldades em relacionamentos futuros por ter dificuldade de se separar dos pais ou por perceber que ninguém vai conseguir o tratar tão bem como um dos pais faria, já o filho que foi preterido pode apresentar problemas com sua autoestima, se sentir insuficiente em seus relacionamentos e ter comportamentos de risco.

Consequências do favoritismo

As consequências do favoritismo para os filhos são muitas, que podem ir da infância e perdurarem até a vida adulta, tanto para os filhos que são os prediletos quanto para os filhos que não são os favoritos.

Como dito anteriormente quando um filho tem o favoritismo pode ter uma boa autoestima e autoconfiança, mas também pode levar a esta pessoa ter um excesso nesses âmbitos e querer exigir isso de outros, ou achar que está acima das regras, pode ter dificuldade em se desvincular dos pais e formar a própria família.

Outra consequência ruim para este filho que foi o preferido é de se perceber com uma carga muito grande a respeito do que deve conquistar para si, sendo perfeccionista ou obsessivo em algum ponto da vida.

Para os filhos que não são preferidos podem apresentar uma baixa autoestima e autoconfiança, podendo desenvolver depressão e ansiedade, estas pessoas também podem ter atitudes de risco para poder chamar a atenção desses pais, como por exemplo uso de drogas e envolvimento com pessoas que não são bem vistas pela família.

O favoritismo pode influenciar o relacionamento entre os irmãos, gerando conflitos entre eles e entre a família.

Como resolver?

Para evitar tais problemas é importante não fazer comparações entre os irmãos, elogiar de forma verdadeira suas qualidades, encorajar quando conseguem algum feito sozinhos, e quando houver necessidade de dar mais atenção para um do que o outro é importante dizer o porque desta ação, por exemplo ” seu irmão é menor e precisa de mais ajuda nisso” ou ” este momento é mais delicado para seu irmão e por isso estamos dando apoio”.

É muito importante colocar em mente de que ter preferências de convivência não tem nada a ver com o amor em si!

Ter conversas abertas a respeito de como cada um se sente e o que pode ser melhorado dentro da relação em família também pode ajudar, pois as vezes pode acontecer de um filho se sentir deixado de lado, quando na verdade não é essa a intenção e os pais não fazem ideia disso, diálogo é algo que deve ser alimentado sempre que possível.

Deixe uma resposta

Joana Ester Gonçalves Lins

E aí meus queridos, tudo bem?

Sejam muito bem vindos ao meu site, aqui quero criar um ambiente acolhedor para que possam me conhecer e poderem saber mais sobre o meu trabalho e a psicologia em si, fiquem a vontade!

Onde me encontrar